Friday, September 19, 2008

40 españoles en un camión

Ao ouvir os diálogos, nao pude deixar de pensar o quao verdadeiro é. A piada é simples mas boa, se voce conseguir entender o jeito rápido que os espanhóis falam. O gancho é os nomes que eles falam...

OBS.: Vídeo em espanhol, sem legendas.

Wednesday, September 17, 2008

Canción a una novia...


Nao sei se a musica vai ser tao engracada quanto eu achei quando ouvi pela primeira vez... Mas de qualquer forma, ta ai...


OBS.: Video em espanhol, sem legendas.

Monday, September 15, 2008

Meus caros, volta-se porque se tem saudade
Porque se foi feliz intimamente
Volta-se porque se tocou num inocente
E porque se encontrou tranquilidade

A despeito da vida que acorrente
Volta-se, volta-se para a sinceridade
Volta-se sempre, tarde ou de repente
Na alegria ou na infelicidade.

E nada como esse apelo da lembrança
Para se transfigurar numa esperança
Essa desolação que uma alma leve

Assim é que, partindo, eu vou levando
Toda a desolação de um até-quando
Num ardente desejo de até-breve.


(Vinicius de Moraes)

Wednesday, September 10, 2008

Goodbye, England...




Hoje a tardinha vou pegar um aviao desde Londres Gatwick, na Inglaterra, para Barcelona El Prat, em Espanha. Nao estou muito certo se estou tomando o passo certo, mas de qualquer forma a decisao ja foi tomada.

Saio deste ilha levando muitas recordacoes. Algumas ruins, mas a maioria boas. Muito boas. Desde o primeiro dia em que cheguei aqui, 29 de abril de 2005, vindo de Valladolid, Espanha, ate hoje, posso dizer que 95% do meu tempo aqui foi de fatos que ficarao para sempre guardados em minha memoria.

As ruas por onde andei, todas as casas onde vivi, os amigos, os bares - pubs, como eles chamam aqui -, as partidas de futebol e rugby torcidas freneticamente com a galera em Leeds; ou as noites de Jack Daniel's & Coke e uma maratona de Scrubs (seriado de TV norte-americano que eu recomendo a todos) com Ben, grande brother dos tempos de Horton. Ou as madrugadas regadas a cafe e cha, ate as cinco da manha, ouvindo as historias do sr. Richard, meu patrao no Crown. Enfim, os carros, os "fish&chips" no fim da night - como no Rio sao os "podroes" - com o Leo, os fins de noite no The Castle, na Commercial Road, bairro de White Chappel, com Suami, outro grande amigo que fiz aqui. Noites de jazz no Spice of Life e rock no The Players, no centro de Londres, com Stephano. Fim de tarde/comeco de noite nos pubs de Farnborough com o Martins. E, antes de ser brutalmente arrancado da minha vidinha pacata e do emprego tranquilo que tinha em Hampshire, um incrivel ultimo fim de semana no sul, com Ellis - amiga espanhola que veio de Dubai me visitar -, e o casal Guilherme e Ana Paula, dois grandes amigos de SP que fiz no sul. Essa musica eh pra voces dois, casal 20!!

Alem de ter tocado todos os dias em que eu trabalhava na santa paz e tranquilidade da "boleia" da minha vanzinha, indo pelas fazendas do sul da Inglaterra entregar peças de carro, ela marcou tambem meu ultimo fim de semana no sul, antes d'eu vir pra Londres, casa do Julian e da Teresa (alias, outros amigaços que sempre me ajudaram. Em tudo), pra esperar pela data do voo. Acho que naquele fim de semana ela deve ter tocado umas 8, talvez 11 vezes por dia! Duas caixas de Budweiser, Jack Daniel's, batida de vodca, sei lah mais o que. Ah... isso antes de ir pra night...

A musica foi lancada em 30 de marco nos EUA, mas seu lancamento oficial na Inglaterra foi no dia 09 de junho, e ja chegou emplacando. Esta no top 10 de todas as radios inglesas, e na playlist de qualquer festinha em casa.

Ladies and Gentlemen, Kid Rock, com All Summer Long.


Y ¡hasta la vista!

Monday, September 8, 2008

(CON)Fusos Horarios


Sempre gostei de viajar. E ha mais de dez anos tenho grande interesse por aviacao. Por isso, geografia e fusos horarios sao dois assuntos constantemente em pauta na minha mente. Entre outros, claro. Mas neste texto vamos deixar os outros de lado. Me lembro, na epoca do curso de Formacao de Comissario de Voo, que o assunto foi brevemente abordado pelo instrutor de Navegacao Aerea, uma das materias tecnicas que os candidatos a comissario de voo tem que estudar para prestar o exame do Ministerio da Aeronautica (lembro que na epoca o orgao responsavel por isso era o DAC, agora acho que se chama ANAC).

O assunto causa interesse e confusao, e embora matematicamente explicavel, parece que a mente reluta um pouco em tentar aceitar o fato de que a Terra eh redonda, e que a contagem de horas a qual estamos familiarizados por ser facilmente abalada quando tratamos de analisar as horas dos dois pontos extremos do mundo. Claro que esse conceito de "extremidades" do mundo existe apenas porque temos aquela ideia plana dos continentes, vendo as Americas ao lado mais esquerdo, e a Asia e a Oceania do lado mais a direita da folha de papel.

Mas quando voce pa'ra para olhar o mundo como ele realmente eh - e nesse sentido me refiro apenas ao fato de ser redondo, e nao sob nenhum enfoque politico ou filosofico -, voce comeca a pensar que realmente nao eh tao complicado assim... ou nao!?

O texto a seguir eh uma adaptacao minha para o portugues de textos colhidos na Grande Rede, entre artigos da Enciclopedia Virtual Wikipedia e paginas especializadas no assunto dos EUA, Holanda e Inglaterra. Em razao de tentar fazer a leitura a mais simples o possivel, eu fiz diversas modificacoes nos textos, mas a linha de raciocinio segue praticamente igual a dos artigos publicados na internet.

A Linha Internacional do Tempo (IDL - International Date Line) eh uma linha imaginaria na superficie da Terra oposta ao meridiano de Greenwich que altera a data quando se atravessa tal linha. Praticamente paralela 180° em longitude, com algumas divergencias para passar em volta de alguns territorios e grupos de ilhas, basicamente corresponde ao fuso horario separando o +12 e o -12 GMT (Greenwich Mean Time). Cruzar a IDL para leste significa um dia ou 24 horas a menos, e cruzar para oeste significa um dia sendo adicionado. Para quem nao se lembra da epoca de escola, Greenwich eh o meridiano que divide o mundo em ocidente (oeste) e oriente (leste), e tem esse nome por causa do Observatorio Real de Greenwich, em Londres. Por favor nao o confundam com a linha do Equador, que divide o mundo em norte e sul.

As primeiras referencias ao paradoxo da circum-navegacao podem ser encontradas em diversos trabalhos de um influente filosofo frances chamado Nicole Oresme (1323-1382). Em seu Traitie de l’espere (o qual tambem foi traduzido em latim como o Tractatus sperae), Oresme apresenta "a memoravel volta ao redor da Terra" por dois viajantes imaginarios, Jehan e Pierre (Johannes e Petrus na versao em latim), que sairam para uma jornada ao redor do mundo seguindo a linha do equador em sentidos opostos e a uma velocidade de 30° de longitude terrestre para cada dia de 24 horas. Jehan, viajando no sentido oeste, diria que ao final de sua jornada teria levado apenas 11 dias e 11 noites, enquanto que Pierre, viajando para leste, insistiria que sua jornada durou 13 dias e 13 noites. Um terceiro homem, Roberto, que houvera ficado no ponto de partida, diria aos dois viajantes que apenas 12 dias e 12 noites haviam passado desde que eles sairam pra jornada. (30 graus pra cada dia; a Terra tem 360 graus; 360 divido por 30 eh igual a 12).

A IDL foi criada meio que atraves de convencoes, e apesar no nome pomposo - "Linha Internacional do Tempo" - nao ha ate hoje nenhum acordo internacional que a regule. Embora ja se falasse sobre uma linha do tempo em documentos do seculo XIV, o primeiro registro mais ou menos oficial data de outubro de 1884, quando aconteceu a "International Meridian Conference". Astronomos e representantes de 25 paises realizaram uma convencao em Washington D.C. para recomendar um meridiano "zero", comum para cartas geograficas e nauticas, que seriam aceitas por todas as partes envolvidas. Quando o meridiano do Observatorio Real de Greenwich foi aceito praticamente por unanimidade e foi adotado como meridiano zero, eles notaram o quao conveniente havia sido tal escolha, ja que implicava em o meridiano 180°, onde formalmente a linha do tempo seria localizada, passasse praticamente por aguas, apenas. Entretanto, nenhuma tentativa foi feita durante essa conferencia para especificar o curso exato da IDL quando a mesma passasse sobre terras ou sobre grupo de ilhas.

Por isso o termo "Linha Internacional do Tempo" eh de fato um exagero de nome. Seu curso exato nunca foi definido por nenhum tratado international, lei ou acordo. Ao final do seculo XIX, George Davidson (1825-1911), cientista pioneiro e pesquisador da costa oeste americana, resumiu a situacao como tal:

"Nao ha uma Linha Internacional do Tempo. A linha teoricamente eh o 180° desde Greenwich, mas a linha que eh realmente usada eh o resultado de acordos entre companhias de navegacao das principais potencias maritimas."

Mas, oficial ou nao, ela existe, e embora realmente nenhum documento autentique sua existencia, todo mundo mais ou menos respeita o traçado sugerido pelas convencoes e pelos paises proximos a IDL, que sao os que mais tem a vida afetada por esse fenomeno temporal. Para quem vive nas Americas ou na Europa, por exemplo, a IDL nao influencia em praticamente nada no dia-a-dia. Apenas sabemos que ela ta ali, no meio do Pacifico, e pronto. Ela divide o mundo em dois dias: hoje e amanha. Ou sera que nao eh tao simples assim?

Ha diversos fatos curiosos que acercam o tema. Se voce sentir-se confuso com o texto, procure pegar um globo e tentar visualizar o que o texto professa.

Um dos fatos bem intrigantes com relacao a IDL eh que, apesar dela dividir apenas "o outro lado do leste" e "o outro lado do oeste", ela por vezes nos faz pensar que existem tres lados! Serio. Por duas horas todos os dias - baseadas na hora de Greenwich 10:00-11:59, existem na verdade TRES diferentes dias acontecendo ao mesmo tempo. Por exemplo, quando em Londres eh quinta-feira 10:15, eh quarta-feira 23:15 em Samoa (EUA), que fica onze horas atras de GMT, e eh sexta-feira 00:15 em Kiritimati (ilha que pertence a Republica de Kiribati), que eh quatorze horas a frente de GMT. Durante a primeira hora (10:00-10:59), esse fenomeno afeta territorios habitados, mas na segunda hora (11:00-11:59) ele somente afeta uma zona maritima desabitada.

O primeiro grande problema criado pela IDL aconteceu na circum-navegacao do globo pela expedicao de Fernando Magalhaes (1519-1522). Os sobreviventes da tripulacao chegaram a uma base de parada espanhola certos do dia da semana, como pode ser comprovados pelos varios diarios de bordo cuidadosamente anotados. No entanto, os que estavam em terra insistiam que o dia era outro. Apesar de hoje em dia ser perfeitamente compreensivel, esse fenomeno causou um grande fuzue na epoca, a ponto de uma delegacao especial ser enviada ao Vaticano para explicar ao Papa essa "odisseia no tempo".

Por uma pequena parte, a IDL segue o meridiano de longitude 180°, mais ou menos pelo meio do oceano pacifico. Entretanto, por causa do fato de para leste da linha ser um dia antes do que de para o lado oeste, a linha desvia uma vez para passar pelo extremo leste da Russia e outra para passar por varios arquipelagos no pacifico. Ou seja, os dois grandes desvios da linha em relacao ao meridiano 180° sao para prevenir que a linha corte paises internamente.

No norte, a IDL desvia a leste pelo estreito de Bering e depois a oeste pelas ilhas Aleutas, para manter o estado do Alasca (EUA) e o Cabo Dezhnev (Siberia, Russia) em lados opostos da linha e de acordo com a data vigente no resto de seus respectivos paises. A linha da data passa de forma equidistante entre as duas ilhas Diomedes, a Pequena Diomede (EUA) e a Grande Diomede (Russia), a uma distancia de 1,5km (ou aproximadamente 1 milha) de cada ilha.

A IDL passa pelos territorios de Kiribati contornando ao longo da parte leste, quase alcancando o meridiano 150°!

No pacifico-sul, a linha do tempo gira a leste de forma que Wallis & Futuna, Fiji, Tonga e as ilhas Kermadec da Nova Zelandia tenham a mesma data, mas Samoa - que eh parte dos EUA - fique a um dia antes das outras.

A IDL pode causar grandes confusoes entre viajantes aereos. As maiores confusoes geralmente acontecem em pequenas viagens do oeste para o leste. Por exemplo, para viajar de Tonga (extremo leste do mundo) pra Samoa (extremo oeste) de aviao leva-se mais ou menos duas horas, mas involve cruzar a IDL, fazendo o passageiro chegar no dia anterior ao que ele estava. Isso geralmente causa confusao em horarios dos voos (a menos que os horarios fossem especificados em hora de Greenwich, mas eles nao sao ja que precisam bater com horas de voos domesticos, transportes locais ou horarios de reunioes). Sobretudo com quem nao mora nas ilhas. Eh bem comum turistas perderem voos de uma ilha pra outra, por chegarem no areoporto um dia apos a data marcada, ou mesmo chegarem ao aeroporto um dia antes! Tambem fazem reservas de um dia a mais em hoteis, ou pior, um dia a menos! Os hoteis e funcionarios de check-in de companhias aereas, ja cientes das confusoes que podem ocorrer, ainda tentam ajudar os turistas, mas quando eles insistem em afirmar que estao certos, os funcionarios nao insistem mais, deixando o espertalhao "pagar pra ver".

Se alguem circum-navegar o globo em um aviao do leste para o oeste (a mesma direcao que Magalhaes), essa pessoa deveria subtrair uma hora pra cada 15° de longitude que cruzasse ("perdendo" 24 horas para um circuito completo no globo, no caso de ter saido do fuso GMT+12 indo ate o GMT-12). Mas 24 horas sao adiantadas quando se cruzar a IDL do leste pro oeste.

Se alguem cruza a IDL exatamente a meia-noite, indo para o oeste, pula um dia inteiro; enquanto que indo para o leste, repete um dia inteiro.

O efeito de ignorar a IDL tambem ja foi visto no classico de Julio Verne "Volta ao mundo em oitenta dias", no qual os viajantes - liderados por Phileas Fogg - retornam a Londres apos a volta ao mundo achando que tinham perdido a aposta que era o tema principal da estoria. Tendo viajado na direcao oposta a de Magalhaes - ou seja, do oeste pro leste - eles achavam que a data que chegaram era um dia apos ao que realmente era.

Mas que ninguem acuse o Fogg de trapaceiro, por ter conseguido um "dia extra". Assumindo uma velocidade constante para leste, cada dia viajado tinha 18 minutos a menos em suas 24 horas, acumulando um dia "extra" inteiro no final, o qual eles se esqueceram de contar, como fariamos hoje em dia, voltando um dia ao cruzar a IDL no meio do Pacifico.

Qualquer um viajando para oeste e passando pela IDL tem que adicionar um dia a mais em relacao ao que estaria esperando ser. E obviamente, aqueles viajando para leste tem que voltar um dia. Tanto a tripulacao de Magalhaes quanto os viajantes de Julio Verne foram negligentes em seus respectivos ajustes de datas.

A linha do tempo tambem eh o tema central do livro "A ilha do dia anterior", de Umberto Eco, no qual o protagonista se encontra em um navio fundiado, com uma ilha proxima, mas ja do outro lado da IDL. Incapaz de nadar, o cara se induz em uma confusa especulacao das importancias fisicas, metafisicas e religiosas da linha do tempo.

Apesar de todo o estudo que eu fiz ate hoje sobre o tema, e de ja ter claramente visto o que eh a IDL e como funciona, eu ainda guardo, num canto da mente, um pingo de curiosidade, que creio soh resolverei quando chegar lah, numa dessas viagens, e fazer umas duas vezes um desses voos que cruzam a IDL, para eu ilustrar melhor a situacao. Ou mesmo de barco, sei lah. Se vou entender? Nao sei... provavelmente sim. Se vou conseguir explicar melhor, num texto menos confuso? Aih ja eh outra historia...

Saturday, September 6, 2008

Noticias... apenas noticias...

Alo, pessoal!

Depois de pouco mais de dois meses sem dar as caras aqui, estou de volta com algumas novidades.

Notem bem, estive em modo offline durante esse tempo, mas nao estive parado; apenas sem conexao a internet.

Vou tentar ser breve:

Morava em Leeds, e trabalhava de barista num Caffe Nero. Minha mae e minha avo vieram passar ferias na Europa. Eu, que tinha ferias acumuladas, tirei uns vinte e poucos dias e fui a Espanha encontra-las. Passamos duas semanas na Espanha, na qual diriji um pouco mais de 3000km, o que significou ir de Barcelona ate Santiago de Comspotela, e ainda um pulinho a Toulouse, e depois fomos a Paris - de aviao - por uns tres dias, e depois voamos a Leeds, onde elas ficaram lah em casa por uma semana.

Depois que levei-as ao aeroporto de Liverpool para regressarem a Espanha, as coisas comecaram a desandar um pouco... err... nao, nao vai dar pra ser breve, nao. Vou escrever como sempre, e para quem for se aventurar a ler, separa uns cinco minutos ai, pois o texto vai crescer.

Bom... meu gerente no Caffe comecou a cismar comigo, e sem ter uma razao logica para me mandar embora, comecou a fazer a minha vida bem miseravel, ate que eu perdesse a paciencia e pedisse pra sair ("pede sair! Pede pra sair!"). Como ele fez isso? Simples. Sem muito esforco. Fazia escalas ridiculas, como me pondo pra trabalhar por apenas quatro horas num dia, no outro me mandando cobrir um turno de alguem numa cidade ao redor de Leeds, que apesar de ser maneiro conhecer gente nova, era numa loja que abria as sete da manha, o que me forcava a acordar por volta das cinco e meia da matina, etc. Depois, disse que nao estava satisfeito com meu rendimento, e me "rebaixou" de chefe de equipe a barista em treinamento novamente - ou seja, desci os dois degraus que ele mesmo havia me promovido quando eu ainda tinha menos de dois meses de empresa. Embora isso nao me afetasse nem psicologicamente nem financeiramente - tive que voltar a usar uma camisa vermelha com os dizeres barista in training, ao inves da camisa preta que normalmente os baristas e os chefes de equipe usam -, ele decidiu me tornar part-time (meio-expediente), ou seja, maximo de vinte horas semanais, ao inves do full-time (expediente completo) que eu estava acostumado, que era numa media de 35 a 40 horas semanais. Dito isto, e lembrando que na Inglaterra recebe-se por hora trabalhada, da pra imaginar o inferno financeiro que a minha vida ia virar em pouco tempo...

Some a isso o fato de que eu havia acabado de voltar de ferias, onde sempre gasta-se dinheiro, e que a epoca era de mudanca de endereco, pois o contrato da casa onde eu morava ia acabar ao meio-dia de primeiro de julho. E para alugar uma casa, voce tem que pagar um deposito e o primeiro aluguel de uma vez soh... Ah, tem mais uma. Meu carro, que ha pouco teve o radio roubado - vide post de oito de abril - acabara de ser reprovado na vistoria, o que me impedia de pagar o imposto para continuar com ele na rua, e o custo dos reparos ia sair mais caro que o valor do carro.

Pronto. Estava formado meu pesadelo...

O trabalho eu poderia resolver de forma simples: sairia da moleza de trabalhar apenas durante o dia no Caffe, e voltaria a trabalhar em pubs, o que iria roubar minhas alegres noites de bebedeiras e conversas. Mas tudo bem. Teria rapidamente grana pra reformar o carro, ou comprar outro, e alugar uma casa, e etc. Mas tudo veio assim, do nada... E o dia da mudanca chegando... cheguei a pensar em ir morar na casa do Leo e do Martins, mas eles tambem foram pegos de surpresa, e uma ordem de despejo fez com que eles fossem morar nas casas das respectivas namoradas... Cheguei a pensar em arrumar uma pra mim, mas desisti, pois nao ia dar tempo de pegar tanta intimidade, a ponto de pedir pra ir morar junto... Confesso que estacionar o carro nos fundos do Caffe Nero e dormir nele foi uma hipotese seriamente cogitada...

E tambem eu sabia que embaixo da ponte eu nao ia morar. Varios amigos me ofereceram "um teto", como a Laura, que trabalhava no Nero comigo, ou o Brookie e o Bates, que moravam lah em casa... bom, o Bates nao morava lah em casa, mas vivia lah. Mas enfim... sabia que os ingleses que conheci ali em Leeds nao iam me deixar na mao... mas eu tinha que agir rapido.

Aih, numa bela noite, ou melhor numa tarde de sabado, o Martins me liga, me chamando pra ir jogar sinuca e beber uns pints nos pubs ali de Headingley, o bairro aonde eu morava em Leeds. Meio desanimado, mas com uma puta vontade de beber uma cerva, aceitei e fui lah.

Lah chegando, encontrei com ele e com a Heather, sua namorada, e logo juntaram-se a nos o Rafael e a Luciana, dois paranaenses que conheci lah em Leeds. O Martins me contou que tava indo embora de Leeds na manha seguinte, pois no dia anterior havia conseguido um emprego lah no sul. Me disse tambem que havia a possibilidade de uma segunda vaga, e que se eu quisesse, podia ir com ele no domingo a tarde pra lah, e conhecer o cara, e ver se rolava ou nao de pegar o trampo, como os brasileiros aqui costumam dizer. Vale lembrar que a maior parte dos brasileiros aqui na Inglaterra sao de SP, GO, PR e MG, mais ou menos nessa ordem aih mesmo, entao termos alheios ao vocabulario carioca sao lancados a torto e a direito, o que me faz por diversas vezes interromper as conversas por literalmente nao saber o que significa uma determinada palavra. Mas continuando...

Naquela noite ainda fomos ao ¡Viva Cuba!, que eu particularmente acho uma merda, mas ficamos de encontrar com mais alguns brasileiros (PR) ali, e depois ao Revolution, onde encontramos o Leo (SC) e o Ricardo (PR), e ali sim, deu pra matar a saudade dos bons tempos de Leeds, pois foi dali que eu e o Leo conhecemos e gostamos da cidade, quando ainda moravamos em Horton. Musica boa, precos modicos, e uma mulherada pra lah de louca... ah, vodca gratis tambem: umas garotas da casa andam pela pista com umas garrafas cheias do que pode ser dito que eh uma versao mais elaborada do que a gente conhece por Gummy no Rio, e voce levanta a cabeca, abre a boca, e elas jogam uns cinco segundos de goroh em voce. E que voce nao se mexa, senao tu se molha todo... Enfim, ali passamos a noite, ate umas tres da matina.

No domingo acordei cedo, pois ja era dia 29 de junho, e a data da mudanca tava chegando. Continuei minhas arrumacoes, e apos quase tudo concluido, parei pra pegar a estrada com o Martins. Por volta das tres da tarde, ele chegou lah e partimos. Pegamos a M1 no sentido Londres, mas o destino ainda era bem depois. Fomos ate Aldershot, no condado de Hampshire, a sudoeste da Inglaterra. Sete horas de viagem mais tarde, ainda fomos descobrir que Aldershot era aonde ele ia trabalhar. O lugar que ele ia morar era em uma cidade chamada Farnborough, no mesmo condado, mas umas quatro milhas antes... Voltamos, e conhecemos as pessoas que moravam na casa (falarei delas mais adiante), e fomos dormir. Como chegamos tarde, perdi a chance de conhecer o cara que poderia me arrumar o tal do trampo...

Na manha seguinte, acordei cedo, pois havia comprado passagem de onibus para retornar a Leeds as 08:30am. No caminho, que levava tanto a rodoviaria quanto a Aldershot, o Martins me convenceu a perder o onibus e ir na empresa, pra ver se a tal da vaga ainda estava aberta. Vinte e nove libras mais pobre, eu fui.

Chegando lah, conheci o cara, e enquanto fumavamos um cigarro, consegui o emprego. Em menos de dez minutos... cheguei a pensar que as vezes o fumo nao eh tao prejudicial assim... mas deixa isso pra lah.

O cara - Darren, o nome dele - perguntou se eu poderia comecar no dia seguinte. Eu disse que seria complicado, pois estava de mudanca em Leeds, e teria que regressar para pegar minhas coisas, e tal. E como uma viagem dessas nao eh nenhuma Rio-Niteroi, nao daria tempo de fazer tudo de um dia pro outro... mas ele entao disse que era pra eu me ajeitar, e voltar em dois dias. Otimo.

Peguei um trem pra Londres, e de la fui pegar um onibus pra Leeds. Mas nao haviam. Estavam todos lotados. E eram por volta das quatro da tarde de segunda, trinta de junho. E ao meio-dia do dia seguinte, os novos moradores da casa estariam lah. Teria que dar um jeito de chegar em Leeds pra fazer a mudanca... Taxi? Piada. Trem? Humpf, era mais barato comprar um bilhete aereo para Paris ou Barcelona do que um bilhete ferroviario para Leeds. Oitenta e oito libras, Londres-Leeds, soh de ida. Da pra acreditar? E pensar que ha menos de dois meses atras eu voei de Leeds a Barcelona por vinte e cinco libras... Me pus na lista de espera, que eh quando voce da o seu nome para o motorista do onibus, e se na hora da partida alguem nao estiver lah, voce entra no onibus. Perdi dois onibus nessa (haviam outras pessoas na minha frente), e consegui embarcar num onibus as onze da noite. Mas era um parador, e soh chegaria em Leeds as seis da manha.

Chegando lah, fui pra casa, e sem ter dormido direito, continuei as arrumacoes, encaixotando as coisas e as pondo no carro. Deixaria as coisas que estavam no banco de tras na casa da Diana, namorada do Leo, e o que estivesse no porta-malas ia ficar no carro mesmo, que eu deixaria na casa da Heather, namorada do Martins. Beleza. Tudo certo. Na hora de ir embora de volta para Farnborough, a noticia: nao haviam mais vagas no onibus. Mas agora nao podia mais perder tempo, pois ja comecaria a trabalhar na manha seguinte. Morri nas oitenta e oito libras e vinte pence ("pence" eh como sao chamados os "centavos" aqui na Inglaterra). E isso soh de Leeds ate Londres. Nao haviam mais conexoes para Farnborough naquela noite. Fui a Londres, e pernoitei na casa do Stephano (ES), outro grande amigo que fiz nos aridos seis meses que passei em Londres em 2007.

Bom... papeis assinados, conexoes feitas, consegui chegar em Farnborough, e comecei a trabalhar. Nos dois primeiros dias nao estava dirigindo, apenas treinando, conhecendo as rotinas, etc. Qual era o trabalho? Ih, esqueci de falar... motorista de entregas numa empresa que vende e distribui pecas de carros. Funciona assim: o cliente faz o pedido por telefone, as notas fiscais sao impressas, um despachante vai no almoxarifado buscar as pecas correspondentes a cada pedido, e arruma numa prateleira, mais ou menos por proximidade de areas. Os motoristas ficam parados na empresa, e quando tem uma ou mais rotas prontas, distribui-se e cada um vai pra sua rota. Os clientes sao oficinas locais, e outras nem tanto assim - as vezes ficam dentro de uma fazenda que nao tem nem no mapa! Por isso, um outro investimento que tive que fazer foi adquirir um navegador com GPS (singla em ingles de Sistema de Posicionamento Global), pois um desses seria impossivel fazer as entregas em tempo habil. Com eles ja era meio dificil...

Treinei na quinta e na sexta, e no sabado fui a Londres levar uma van para pegar a minha. Mas claro que nao foi tao simples, assim. Nao... nao poderia ser, nao eh!? Senao qual seria a graca? A van pertencia a um cara que tava saindo da empresa. Soh que eu nao podia usa-la, pois os discos de freio ja estavam no metal, e tinham que ser trocados. Ai o cara aproveitou e fez a mudanca dele na van. Escolheu o caminho mais longo o possivel, e me fez ir "louvando" o caminho inteiro, com um unico CD "ao vivo" de uma banda crente, com direito a exorcismo e etc. Imagino que alguem deve ter subido no palco, e iria tao somente pular de volta na galera, mas o vocalista deve ter interpretado como um sinal maligno, e nao teve duvidas: interrompeu a cancao e comecou o ritual. Beleza. Chegamos em Londres. Sudoeste de Londres. Area braba. E a umas 10 milhas do endereco da empresa, que eh no noroeste de Londres. Soh que qualquer milha em Londres demora pelo menos uns vinte minutos para ser cruzada, ja que as obras sao interminaveis, e o transito sempre caotico. Cheguei na empresa uma hora e meia apos ter saido da casa do ex-colega. Me deram uma van que, a primeira vista, ja sabia que iria longe. A embreagem tremia mais do que uma britadeira, varios indicadores no painel que deveriam estar apagados ficavam acesos direto, e a cabina estava imunda e fedia. Nossa, como fedia. Mas ta bom. Peguei o bicho, e sai fora... sai do bairro da empresa, peguei uma via de acesso. Logo, peguei um elevado, onde ja deu pra ganhar uma velocidade... ai parei pra comer no Burger King, pois ja faziam umas nove horas que eu nao comia nada. Voltei pra estrada, ainda limite de 50mph (Milhas Por Hora), ou uns 80km/h. Logo peguei a M25, a orbital de Londres, e comecei a pisar fundo (o limite ja era 70mph, ou 110km/h... Tudo ia muito bem, ate que de repente o carro comeca a perder potencia. 65, 60, 55... quando chegou a 40mph, percebi que era game over pra mim ali naquela estrada, e ja na banguela, fui pro acostamento. Abri o porta-luvas e constatei que nao havia o tal do colete luminoso que somos extremamente recomendados a por ("por" com "^") quando saimos de dentro do carro, nos paises da Uniao Europeia. Liguei pra empresa, e ambos concordamos que era o motor de arranque. Mandaram o reboque, e voltei pra empresa. Ai me deram uma van novinha, um Berlingo, da Citroen, belezinha! Cherando a novo...

Peguei a estrada, e por volta das onze da noite cheguei em Farnborough. Tava moh galera lah em casa, e ficamos bebendo e conversando ate umas quatro da madrugada. Falando em "lah em casa", deixa eu falar um pouco sobre a casa... Era uma casa muito legal. Bom, ainda deve ser. Habitada por uma familia de portugueses/angolanos, eram bem brasileiros no coracao. A Laida eh a lider do grupo. Nascida na Angola e radicada no Brasil por mais de 20 anos, ela mora com a sua mae, a "dona" Merces, uma senhora portuguesa de 85 anos pra lah de ativa, e com o neto, Gabriel, brasileirinho de 8 anos que ainda nao sabe bem em que idioma forma seus pensamentos. A mae do menino - nora da Laida - faleceu quando ele tinha apenas tres anos, e como o pai trabalha e ficaria meio enrolado pra tocar a vida e cuidar do menino, ela assumiu o leme nessa missao. Na casa tem um quarto de reserva, que ela aluga pra ajudar no orcamento. A casa tem um belo quintal nos fundos, desses que a gente ve em qualquer casa de suburbios do Rio. Tem ate uma churrasqueira, onde fizemos varios churrascos. Nesse quarto ficamos eu e o Martins. Soh havia uma cama e um colchonete, e nos revezavamos semanalmente para dormir na cama.

E o trabalho foi seguindo, junto com a vidinha feliz e calma. Trabalhando de 8am as 5.30pm, com 40 minutos de almoco, e mais quantas paradas te desse na telha de fazer, ja que nao tinhamos um controle dentro da van. Pegava o roteiro, botava os CEPs no GPS, e ia fazer as entregas, ouvindo musica, parando pra tomar um cafezinho, fumar um cigarro, conversar com os mecanicos que eu ia conhecendo, etc. No fim da tarde, encontrava o Martins em casa, e iamos ao pub na esquina, beber uns pints e jogar uma sinuca. As vezes, numa noite de bebedeira mais seria, ainda paravamos para um Fish&Chips no caminho.

Ate que um belo dia, a "casa caiu": o Martins foi trabalhar (trabalhavamos em filiais diferentes), e ja quando chegou, foi informado que a matriz em Londres mandou ele voltar pra casa. Ele voltou e me ligou. Fiquei preocupado, e continuei meu roteiro. Quando voltei a filial, havia um recado no meu quadro (onde eu escrevia os roteiros que ia fazer), dizendo para eu ligar para a matriz. Liguei e fui informado de que, devido a um corte nos funcionarios terceirizados, eu estava sendo demitido, pois a ordem/criterio de demissao eh a partir do mais novo. Deixei a van lah mesmo, e me deram uma carona pra casa.

Quando cheguei em casa, o Martins ja tava se resolvendo: oferecam pra ele uma vaga na matriz em Wembley, noroeste de Londres, e ele aceitou. Tava se mudando naquela segunda mesmo. Eu resolvi ficar mais uns dias, esfriar a cabeca e ver o que ia fazer. Como no fim de semana tinha recebido a visita da Ellis - amiga espanhola que mora em Dubai, onde trabalha como comissaria de voo da Emirates -, tinha passado os ultimos quatro dias falando em espanhol, e a saudade da Espanha aumentou. Tambem me reaticou a ideia de voar, ja que as conversas e as fotos dela sao de fazer qualquer um que goste do ramo pensar em se mudar pro Emirados na hora. Pronto. Em pouco mais de 24 horas eu ja havia feito a minha decisao: quero cair fora desta ilha.

Mas Dubai nao eh logo ali, e nao sei escrever em rabiscos. Nao que o idioma fosse problema, pois ali se fala ingles como nos EUA. Mas nao tenho emprego lah, nem tampouco um visto pra entrar no pais. Entao a opcao foi a Espanha. Mas nao cometeria o mesmo erro de regressar ao norte, onde ainda se ve muito da Espanha rural, quase que lembrando os tempos do Franco. Escolhi Barcelona, cidade grande, com um estilo de vida que se assemelha ao do Rio de Janeiro, e onde moram familiares que teria certeza de que me dariam um teto ate eu me arrumar. E sei que trabalhar em Barcelona nao eh dificl. Bom, nao sei, ainda vou descobrir. Mas ja fui informado de que nao eh dificil conseguir trabalhos lah... e mesmo empregos formais.

Liguei para a minha tia/prima Maricarmem, comprei uma passagem soh de ida, e comecei a fazer as malas. A Laida ja tinha um casal pra por na casa, e eu ja havia passado do dia que tava pago, e sei que ela precisa da ajuda do aluguel. Falei com o Julian, e pedi para morar na casa dele. Era dia 22 de agosto quando o Guilherme (SP), grande amigo que fiz lah no sul, me trouxe a Londres, ate a casa do Julian. O cara trabalhou o dia inteiro na van, depois fez quatro horas de entregas pra um restaurante de comidas indianas no carro da Laida, e depois dirigiu as quase 80 milhas necessarias para me levar da casa da Laida ate a casa do Julian. E ainda voltaria pra sua casa, que seriam aquelas 80 milhas mais umas 30. Enfim... amigos que fazemos pelo caminho, e que ficam marcados.

Naquela sexta a noite, era vespera de feriadao aqui, e tinha uma galera na casa do Julian, pois naquela madrugada sairiamos para acampar no Lake District, no condado de Cumbria, ultimo condado antes da fronteira com a Escocia. Longe. Muito longe daqui. Bem depois de Horton, que ja eh longe pra cacete de Londres. Fomos acampar, o fim de semana foi bacana, embora com chuva, e voltamos a Londres.

Nessas duas ultimas semanas, nao tenho feito bulufas, a nao ser ver Discovery Chanel, Animal Planet e National Geographic - eh, eu sei, nerd, neh... foda-se! Eu gosto... Bom, tambem nao tenho feito soh isso... tem sempre aquela cerveja gelada e o papo animado no fim do dia, quando o Julian e a Teresa chegam do trabalho.

Ahhh... esqueci uma caixa na casa da Laida. Mas que caixa? Ora, eu separei varias caixas para enviar para o Brasil, com todas as quinquilharias que adquiri ao longo destes poucos anos que morei aqui no Reino Unido. Na sexta, quando o Guilherme me trouxe ate aqui, trouxe tambem umas dez caixas. Mas durante a semana, enquanto eu fazia um "check list" pra ver se tava tudo em ordem, percebi que faltava uma. Era um aparelho de som, que ja tenho desde que cheguei aqui. Na manha seguinte, peguei um trem e fui a Farnborough. Passei o dia lah com a Laida - e aproveitei pra filar uma boia, ja que ela eh cozinheira de mao cheia! - e de tarde peguei um trem de volta - apenas com uma caixa de 12kg no ombro. Nesta ultima sexta, cinco de setembro, a empresa veio aqui, empacotou e levou tudo, o que espero que chegue no Rio em novembro.

No ultimo fim de semana de agosto, tive um churrasco na casa do Marat, amigo do Casaquistao, e foi bom demais. Pouca gente, eramos sete, e mae dele fez umas paradas tipicas de lah, putz... Depois ele contratou uma limosine para levar a gente da casa dele ate o centro de Londres, com algumas garrafas de champanhe dentro... Fomos para o tal do Guanabara, que, como o nome sugere, eh um lugar de musica brasileira. Me lembrou o Tijuca Tenis Clube, mas um pouquinho pior. Nao durei muito ali. Samba pra ingles ver e apresentacoes de algo que se assemelha a capoeira sempre acontecem nesse lugares. Ali nao foi diferente. Me despedi da galera e fui com o Stephano para o The Players, piano-bar bacanissimo que sempre salvou as minhas noites em Londres. Ficamos ate umas duas da manha, e fui dormir na casa dele. No domingo, vi o jogo Chelsea 1 x 1 Tottenham (gols de Belletti aos 28' e do Bent 45', ambos no 1o. tempo), que alias nao foi muito bom (esperava mais do "Big Phil" Scolari), e pro fim da tarde fui encontrar com a minha prima Rachel, que ja nao via desde comecos de 2007, quando estivemos juntos no Rio de Janeiro. De la eu voltei pra UK, e ela foi pros EUA. Mesmo tendo chegado aqui em meados de janeiro, eu ate hoje nao tinha conseguido encontra-la, pois sempre acontecia algo. E dessa vez quase que nao foi tambem. Fiquei sem bateria no telefone no meio do caminho, e tive que tentar me lembrar da mensagem com as instrucoes que ela havia me enviado. Nao consegui de primeira, mas numa segunda tentativa achei.

Morando numa grande casa, mas com outras onze pessoas, a casa tava bem agitada pra um domingo a noite. Sendo a maioria brasileiros, fizeram um churrasco. Eu me lembro de ter aberto a minha ultima cerveja por volta das 4.40am!! Pra quem nao se via ha bastante tempo, a noite foi de muito papo...

E agora estou aqui, aguardando a hora de embarcar, e ver o que me espera na Espanha. Uma coisa eh certa: o tempo vai estar bem melhor do que aqui nessa ilha. E a economia tambem, ja que a Espanha tem crescido muito, ao menos entre os paises da Uniao Europeia, ao mesmo passo que a Inglaterra - ou melhor, toda a Gra-Bretanha (o que significa a Inglaterra, a Escocia e o Pais de Gales, mas exclui a Irlanda do Norte) - tem estado muito mal das pernas, economicamente falando.

Vamos ver o que vai acontecer em terras catalas...

Obrigado a todos por terem estado comigo durante este texto todo.

Um abracao a todos!

Saturday, June 28, 2008

Como eh que eh!?


Copiei isso do blog de um amigo meu, que leio - e recomendo - sempre: Leandro Ravaglia, cujo link esta aqui ao lado.

Me custou um pouco a cair a ficha, e em principio (por favor, nao venham me dizer que era pra ser "a principio", porque sei que nao eh, ok?) fiquei meio sem saber o que fazer: se parava de ver, se ficava puto pela brincadeira de mau-gosto do amigo que havia postado isso, ou se apenas ria e gastava aqueles quatro minutos e vinte e tres segundos da minha vida pra tentar entender como eh a cabeca de gente como essas - e me entendam, me refiro a das meninas, porque a do senhor em pauta no clipe esta totalmente fora de cogitacao. Nao quero nem tentar entende-lo, pois sei que vou eh complicar a minha ainda mais.

Resultado: Fiquei vendo ate o final. Quem quiser tentar, da o play ai e divirta-se. Detalhe para a sincronia das cabecinhas prum lado e pro outro, e para a sincronia - ou falta de - das vocalistas com a batida da base da musica.

Wednesday, April 30, 2008

"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

'Navegar é preciso; viver não é preciso'.

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça."

(Fernando Pessoa)

[Nota de Soares Feitosa (escritor brasileiro):
"Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]

[Nota do autor deste blog (viajante pretencioso):
Eu achava que a famosa frase que eh titulo do poema de Pessoa era do Fernando Magalhaes; aih, quando fui escrever o texto que estah no dia 24 de janeiro deste blog, descobri que era atribuida a Bartolomeu Dias; depois dessa nota aih do cearense Feitosa, ja nem sei mais o que dizer...]

Sunday, April 27, 2008

das Wasser-Bett Witz ( versteckte Kamera ), ou... A piada da cama d'agua ( camera escondida )



Esse video nao eh novo; ja rolava pelo You Tube no comeco de 2007. Mas toda vez que assisto dou boas risadas...

Detalhe pro "Scheiße!" ("merda!", em alemao) que a menina de azul solta no minuto 1:32 e pras duas senhoras com peso "avancado" no minuto 2:44, que sao as ultimas vitimas... muito engracado!


OBS.: Video em alemao, sem legendas.

Sunday, April 20, 2008

Kid Rock - American badass



Nessa sexta a noite, tava aqui na sala, bebendo com uns amigos e jogando conversa fora, enquanto passavamos pelos canais de musica.

Eis que vem esse video clipe. Achei que era coisa novas, mas depois fui verificar que na verdade data de 2000.

Ja conhecia o Kid Rock. Mais pelo seu lado country do que pelo de rapper, ja que pra mim ele sempre esteve mais associado a Sheryl Crow e ao Lynyrd Skynyrd (aquela banda que toca Sweet home Alabama) do que ao Rev Run do Run DMC e ao Ice Cube, que depois vim a saber que tambem sao "chegados" dele. E aih descobri tambem que ele eh amigo do James Hetfield do Metallica. E achei essa musica muito foda. Alem do mais, a ideia de usar a musica Sad but true do Metallica como base sampleada agrada muito mais aos meus ouvidos do que o Voltmix que os nossos rappers do Rio insistiram em usar incansavelmente por mais de 10 anos...

PS.: Detalhe pra participacao especial do idolo Ron Jeremy!!

Tuesday, April 8, 2008

Uma partida de futebol / Onda de pouca sorte...





Ultimamente tenho andado muito preguicoso...

Tambem vah lah que nada demais tem acontecido, ja que tenho segurado a onda na gastacao de dinheiro, e diferente do Brasil, aqui nao da pra comprar meia duzia de cervejas e ficar bebendo no quintal, conversando... nao eh assim que funciona, por aqui... Ate porque com a temperatura chegando a -5ºC durante a noite, nem rola mesmo de ficar na rua, neh...

Talvez por isso o blog esteja meio parado...

Se bem que desde o dia 5 de fevereiro eu ja nao moro mais em Richmond Hill, bairro que eh o equivalente ao bairro de Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro. Me mudei para o bairro de Headingley, que eh como o bairro de Laranjeiras, na zona sul do Rio, mais para o centro que para o sul, mas eh classificada como sul. Mas enfim... bairrinho legal, com varios barzinhos bacanas e gente interessante.

E por ser o bairro mais proximo a universidade, tambem eh reduto de estudantes de todos os cantos do pais - e do exterior - que vem para ca atraidos pela tradicao da universidade, precos acessiveis e uma noitada mucho loca. Ate que eu deveria ter coisas interessantes para postar, neh...

Mas aih as coisas acontecem... as duas fotos significam um post duplo, ou seja... eh para quem tiver com tempo para ler, pois algumas coisas aconteceram...

Bom, corrigindo o que escrevi no primeiro paragrafo, nada demais HAVIA acontecido na minha vida, nos ultimos dias... ate que as fotos do meu carro aqui em cima dizem que algo finalmente aconteceu: fui vitima da violencia que assola qualquer sociedade no mundo; bom, imagino eu, neh... porque se no Rio de Janeiro isso nunca me aconteceu, nao seria aqui num dos bairros mais legais de Leeds que eu iria imaginar que isso poderia acontecer comigo... Mas vamos comcecar do comeco...

Tudo comecou na quarta, dia 26 de marco, quando fui a Londres pra ver o jogo Brasil 1x0 Suecia, no estadio do Arsenal... (daih a outra foto). Foi um jogo comemorativo aos 50 anos que o Brasil meteu 5x2 na Suecia, que nos valeu o nosso primeiro titulo de campeoes mundiais... Apesar do frio e do primeiro tempo bem morno, o segundo tempo ate que foi bem animado, e finalmente rolou o gol (alias, Pato... quem eh esse cara, hein? Alguem pode catch me up ai, por favor?). Enfim... foi maneiro ver a selecao jogar, eu nunca tinha visto... Julio Cesar mandou benzao nas vezes que foi acionado... Quando o Dunga botou o Anderson no segundo tempo, toda vez que ele tocava na bola a galera vaiava... eh o motivo eh porque ele joga no Manchester United, e tava no estadio do Arsenal, que eh o "inimigo"... E o estadio - que foi todo reformado - eh foda, maneiro mesmo.

Bom... ate aih tudo bem... o lance eh que, na ida, ainda de manha, eu tava na M1 (rodovia que liga Leeds a Londres), e apos sair de casa com tempo nublado, pegar um sol de lascar, depois uma chuva de nao ver 10 metros a frente, e depois uma nevasca de me fazer dirigir em terceira marcha e a 30mph, numa rodovia de 70mph, o tempo melhorou e veio o fato: um caminhao que passou por mim logo no comeco da viagem e numa manobra brusca largou varias pedrinhas pela estrada, acertou uma num cantinho do meu parabrisa, e fez um pequeno pontinho, mas que me desenhou uma p*rra duma linha de rachadura de mais ou menos uns 15cm em frente ao meu volante...

Como ainda nao fiz o M.O.T. (vistoria), provavelmente vou ter que trocar esse parabrisa para poder passar, coisa que nao deve ser barata. Alias, mesmo que os caras da vistoria nao mandem, vou querer trocar mesmo assim, pois parabrisa eh parada seria. Se aquela merda for atingida por qualquer outra pedrinha, pode rachar e estilhacar a p*rra toda, e algo mais serio pode acontecer.

Mas ainda nao troquei... e tava levando... afinal, estou saindo de ferias em seis semanas, rumo a Espanha e a Franca, e nao queria ter nenhum gasto alem dos necessarios ao cotidiano...

Aih na semana passada (na quarta, dia 02 de abril), eu tava de folga, assistindo meu Discovery, quietinho, qunado vi um pacote com balinhas e chocolates do lado do sofa daqui da sala... e gordo, voces sabem como eh, neh, nao pode ver essas coisas... peguei umazinha soh, e na primeira mordida, PAHH!! O que parecia ser um chocolate ao leite, macio e suave, era na verdade um caramelo, duro igual a uma rapadura, e tomei um puta choque no dente, e junto com o choque perdi uma obturacao, de um dente lah de tras... Agora, qualquer coisinha gelada que eu ponho na boca, tenho que desviar pra esquerda, dentro da boca, senao eh choque... E caso alguem tenha se perguntado se eu vou ao dentista consertar isso, a resposta eh: esquece! Dentista aqui no UK, alem de ser caro, eh arriscado. O motivo? Simplesmente porque nao sao dentistas; ao menos nao como temos a ideia de dentista no Brasil. Aqui nao existe faculdade de odontologia; os caras fazem a faculdade de medicina, e quando chegam na epoca de escolherem uma especializacao, uns optam por cardiologia, outros por psiquiatria, etc, e outros optam pela odonto. Ou seja: o cara aprende em um ou dois anos (nao sei ao certo), o que os nossos dentistas aprendem desde o primeiro periodo de faculdade. O resultado? Eles parecem que tao mexendo num motor de carro, quando estao trabalhando na sua boca... delicadeza zero! Enfim, como o meu pai - O Barreto - costuma dizer: To fora!

Aih beleza...

Nesse ultimo domingo a noite, dia 6, eu tava em casa, quietinho, vendo Lost (aquela serie muito louca, que acabei ficando meio que fissurado em ver tudo de uma vez, ja que um dos caras que moram aqui em casa tem os DVDs, e aih tenho assistido na ordem, pra tentar entender aquela sucessao de perguntas sem respostas). Enfim, tava eu assistindo Lost, quando o Leo (brother aqui de Leeds) me liga e me chama pra ir jogar sinuca no Sports Cafe, que eh lah no centro. Falei que nao, que tava duro, tava nevando, nao queria sair, mas ele usou argumentos fortes - falou que tava com a mina dele, e que ela tava com mais tres amigas (por sinal, das tres tinham duas russas muito da gostosa!) -, e eu acabei indo. Como estava duro e dirigindo, bebi soh um pint. Ate que a noite foi bacana; as meninas eram legais, solteiras, assanhadinhas e tal, mas eu nao tava muito no clima... fui mesmo pra fazer a social.

Voltei pra casa cedo, ja que ia trabalhar na manha seguinte.

Quando cheguei em casa, mais ou menos 11.30pm, nao tinha mais vaga na minha rua, entao parei na rua transversal, que era o unico ponto proximo a minha casa que tinha vaga. Aih na segunda de manha, acordo pra ir trabalhar, e na hora que ponho a chave pra abrir o carro, surpresa: a porta estava destravada. Ora, eu nao havia bebido nada na noite anterior - soh um pint -, e nao entendi... olhei para dentro do carro, e constatei: haviam roubado meu radio. Putz... quebraram um daqueles vidrinhos triangulares de uma das portas de tras, abriram o carro, e arrebentaram duas partes do painel, pra levar o radio - que foi com frente e tudo, ja que sempre deixei a frente do radio no estojo dentro do porta-luvas... (vide a foto-motagem acima)

Ja meio atrasado, limpei os cacos de vidro que cairam no banco da frente, e fui trabalhar. Durante o servico, vi dois policiais passando pela rua, e pedi para que me fizessem o P.R. - Police Report, equivalente ao nosso B.O. no Brasil -, para que eu pudesse acionar o seguro, e ver se valia a pena.

Os policiais foram maneiros, fizeram a ocorrencia, e na segunda a tarde mesmo, um outro cara foi lah no Caffe Nero, e me pediu para acompanha-lo ate o estacionamento, pois gostaria de fazer uma pericia no carro. Beleza, fui lah. O cara, com uma malinha tipo C.S.I., saiu passando um pincel com grafiti pelo meu carro... Nao encontrou nenhuma digital ou marca de sangue, pois falou que o ladrao provavelmente usou luvas, e apenas identificou a forma como ele arrombou o vidro: usou uma chave de fenda pra forcar o vidro pela parte da borracha, ate que ele trincasse e se rachasse em pedacinhos, pois dessa forma nao faria nenhum barulho, ao inves de dar um porradao, que no meio da noite ia fazer moh barulhao. Aih foi isso... me deu o numero da ocorrencia, apertou minha mao e me desejou boa sorte.

De noite, falando com os caras do seguro, vi que nao ia valer a pena, pois para ter meu seguro a um preco bem baixo, eu coloquei uma franquia lah no alto - £1,200.00!! Ou seja, mais que o dobro do valor do carro, que eh um Nissan Sunny 93/94...

Resumo da opera, morri com o peido dentro: vou ter que trocar o parabrisa, trocar o vidrinho da porta (ainda bem que nao foi um vidro de janela, pois seria mais caro!), duas partes do painel (como o carro eh velho, vou ter que procurar em ferro-velho, pra tentar achar um igual), e ainda vou ter que juntar dinheiro pra comprar um outro radio (aquele era um Sony Xplode MP3 eu planejava levar pro Rio, quando eu fosse embora).

Ca%*!#o... serah que o raio nao cai no mesmo lugar duas vezes naum?? Porque eu acho que eu devo estar com um para-raios instalado sobre mim, pra tudo isso ta vindo assim, de uma soh vez...

Bom, amiguinhos... por hoje eh soh... espero que na minha proxima postagem eu venha com noticias mais animadoras, ou ao menos mais otimistas... porque essa semana ta brabo.

Um grande abraco a todos! Ate mais.

Tuesday, February 5, 2008

Rio de Janeiro, 1936



Video documentario de 8 minutos feito pelos estudios MGM. Coisa rara de ser ver sao imagens em cores do Rio Antigo, e aqui estao. Observem o centro e a zona sul da cidade antes das invasoes das favelas e da quebra do gabarito da cidade, que permitiu que construcoes cada vez mais altas transformassem a paisagem da Cidade Maravilhosa. Um video obrigatorio para qualquer brasileiro, carioca ou nao.

Quem quiser ver o video em tela cheia, use o link abaixo, que abrirah uma janela com o YouTube, e aih eh soh clicar no botao correspondente.

http://www.youtube.com/watch?v=TGSWAZCGOWE


OBS.: Video em ingles, sem legendas.

Thursday, January 31, 2008

E quando Jesus perde a paciencia?



Imagina o que aconteceria se o "Exterminador do Futuro" Arnold Schwarzenegger voltasse ao ano 0000 - isso mesmo, nem AC, nem DC, o ano em que Jesus nasceu! - e resolvesse Protege-lo?

E pior, se Jesus, conformado com Seu destino, fosse contra a tal protecao, mas ainda assim o Exterminador instisse em Protege-lo?

Pois eh, nesse video que eh o trailer de um filme que nunca existiu (mas bem que poderia!), Arnold volta ao passado para Protege-lo, e a contra-gosto do Filho, sai matando geral que O ameaca, e acaba tirando a paciencia do Nazareno!

O resultado: Hilario!!


Obs.: Video em ingles medieval, legendado em portugues de Portugal.

Wednesday, January 30, 2008

Deu azar...



Foi tentar roubar uma loja de conveniencia e seu deu mal... muito mal!

Obs.: Video sem audio.

Tuesday, January 29, 2008

Os idiomas e suas confusoes...



Os italianos continuam me fazendo rir...

Essa animacao eh antiga, mas nao sei o quao popular ela chegou a ser no Brasil. Corria pelos celulares daqui da Inglaterra ja em meados de 2005.

Enfim... conta a historia de um italiano que vai passar ferias em Malta, pequeno pais (!?) no meio do Mar Mediterraneo, que apesar de ter o ingles como lingua oficial, na pratica eh uma extensao da Italia, ja que a ilha fica pertinho da ponta da "bota" que eh a Italia... cerca de 90km...

O camarada passa por diversas situacoes, devido ao seu carregado sotaque latino. Da pra imaginar isso acontecendo direitinho como acontece no video, pois por aqui pela Inglaterra tambem escuto cada uma que eh de arrepiar os cabelos.

Como aconteceu com um grande amigo meu que, uma vez, recem chegado a Inglaterra, e vindo da Espanha, pediu ao barman de um pub um pacote de Wankers, quando na verdade se referia a Walkers, marca de uma batatinha frita muito comum como tira-gosto em pubs aqui. O barman nao entendeu nada, e antes que a confusao de instalasse, eu intervi e expliquei o que ele queria dizer.

O problema? Muito simples. Meu amigo simplesmente disse que queria um pacote de "punheteiros", traducao ao pe da letra da palavra wankers.

Lembro de uma goiana que conheci na Espanha que me contou que foi ao acougue e pediu ao senhor que lah trabalhava por um quilo de polla (leia-se "polha"). O cara arregalou os olhos e perguntou novamente o que ela disse, e ela repetiu, ainda enfatizando com as duas maos o que queria... O homem, ao ver que a menina era gringa, levou na esportiva e disse que nem se juntasse todos os funcionarios do acougue conseguiria o tal quilo...

A gafe? Eh que polla em espanhol significa algo como uma referencia bem vulgar a genitalia masculina... O que ela queria dizer era pollo (leia-se "polho"), que significa frango... Nao preciso nem dizer que ela nunca mais retornou `aquele acougue... rsrs

Enfim... gafes acontecem... especialmente quando voce ta usando um idioma que nao eh o seu primeiro idioma... e na maioria das vezes, nao tem lah muita pratica nele.

Comigo me passou uma, uma vez... foi logo assim que vim para a Inglaterra. Um recem conhecido me perguntou se eu queria um fag, e eu o olhei intrigado, e quase meio ofendido... Ai ele puxou do bolso um pacote de cigarros e disse de novo. Sorri e saquei qual era a dele...

O mal-entendido, nesse caso, eh porque fag em ingles americano significa "bicha", "gay", e em ingles britanico eh giria para cigarros; a giria para cigarros nos EUA, que era a unica que eu tinha em mente ate entao, era cig... E olha que nesse caso nem se tratava de outro idioma, hein... estavamos ambos falando em ingles, mas como acontece conosco e nossos irmaos lusitanos, algumas palavras mudam de sentido, ao cruzar o oceano... Eita, mundao louco, esse...

Monday, January 28, 2008

Europa x Italia



Para todos aqueles que acreditam que os italianos se comportam da mesma maneira que o resto dos europeus, segue essa animacao que prova o contrario.

A parte referente a "arte de pedir um cafe" reflete bem o que passa pela minha cabeca quando estou lah no Caffe Nero trabalhando e chega alguem com um pedido tao complicado que por vezes acho melhor anotar para ter certeza de que eu entendi tudo o que a pessoa me pediu, muito embora ambos estamos falando "ingles" naquele momento.

Esta cena esta localizada no minuto 3:35, mas vale a pena ver a animacao toda... Em certos pontos, da ate pra assimilar com o Brasil, ao inves da Italia...

A animacao foi a primeira criada em Macromedia Flash pelo artista italiano Bruno Bozzetto (www.bozzetto.com), que tem, pra quem curte curtas, o otimo "How not to Drive: Yes and No" e "The World's history for those who are in a hurry", esse ultimo em italiano e sem legendas, mas ainda assim bem interessante.

Um cafezinho, por favor!


Ola, pessoal!!

Ja faz um certo tempo desde minha ultima mensagem com noticias minhas, mas isso foi devido ao fato de eu nao ter um computador na casa aonde moro. Nao ter, nao; nao tinha. Na semana retrasada criei coragem e comprei um notebook, que para quem nao esta familiarizado com os termos informaticos, eh um daqueles computadores portateis, que parecem um livro, e cabem numa malinha pequena. Como a casa ja possuia conexao de internet sem-fio, foi soh ligar e me ligar ao mundo! E aqui estou, fazendo contato imediato com voces, e vou contar um pouco sobre o que tenho passado aqui em Leeds, norte da Inglaterra.

Muita coisa aconteceu desde aquele ultimo e-mail, mas infelizmente o episodio da loura gostosa me agarrando no balcao do bar nao tornou a repetir.

Pra comecar, logo na minha segunda semana aqui em Leeds, encontrei com um grande amigo que mora em Horton (vilarejo onde morei quando vim da Espanha para ca, em abril de 2005, e ali fiquei ate novembro de 2006). Era o dia da final da Copa do Mundo - de rugby, esporte que se assemelha ao futebol, mas onde tambem se usa as maos -, que nesse ano de 2007 foi na Franca. Enfim... Fomos assistir ao jogo, e depois fomos para outros pubs, e no fim da noite, ele e um outro cara lah da area dele tinham reservado um taxi para Horton. Sem hesitar muito, resolvi ir com ele, pois seria uma chance de voltar a Horton, e rever meu ex-patrao, que mantinha guardado, alem de meus livros e discos, meu carro, na garagem do hotel onde eu trabalhava.

Apos varias cervejas, dormi, e no dia seguinte fui caminhar pelo vilarejo. Ao passar pelo hotel, vi meu carro lah, paradinho, na mesma vaga de sempre. Parei para conversar com o pessoal do hotel, e encontrei o sr. Richard, meu ex-patrao. Ele ja chegou com as chaves e o documento do carro nas maos, e apos um forte aperto de mao (nao sei se era de tanta saudade ou se era porque ja nao aguentava mais ver aquele carro parado ali, tomando uma vaga do estacionamento), me pediu para retirar meu veiculo dali. Apos 4 horas carregando a bateria, eu estava motorizado novamente. Mas dirigir um veiculo sem seguro, IPVA e vistoria aqui na Inglaterra eh um crime tao grave quanto andar com uma arma, e os 100km de Horton a Leeds foram uma aventura, e a distancia tava parecendo algo como Curitiba-Fortaleza. Me lembro de durante o percurso ter feito varios acordos com Ele para que me protegesse e que a policia nao me parasse, por qualquer motivo.

As preces foram ouvidas, e cheguei em casa sem nenhum problema. Naquela mesma semana, coloquei o carro no seguro e paguei o imposto rodoviario - que aqui se chama DVLA, mas eh o equivalente ao nosso IPVA do Brasil. Com uma diferenca: aqui paga-se o imposto para manutencao das estradas, e a mesma eh de fato feita... e muito bem feita. Nao cheguei a marcar a vistoria, e ate o momento que vos escrevo, ainda ando sem a vistoria feita, por motivos de falta de tempo e de falta de dinheiro... o negocio eh caro, e o carro nao vai passar se nao cumprir com varios quesitos... e sei que tem umas pequenas coisas para fazer no carro, como trocar o oleo do motor e alguns pneus. Mas pelo menos ja tinha o selinho do IPVA colado no vidro dianteiro, e quem apenas ve o carro, nao tem como saber se ta vistoriado ou nao, mas da pra ver que ta com o imposto pago.

Voltando a minha primeira semana em Leeds, fui a busca de um emprego. Espalhei alguns curriculos pela internet e por escritorios no centro da cidade, mas as minhas ultimas experiencias nao foram exatamente em informatica, entao, nao colhi muitos frutos desta busca. Uma coisa que nao queria era voltar a trabalhar em pubs. Nao que eu nao goste. Eh um trabalho bacana, tranquilo, e quase sem apurrinhacoes (a parte de uns bebuns que vez ou outra dao trabalho). O lance eh que eu nao queria mais trabalhar nas horas em que todo mundo ta se divertindo, entenda-se sextas e sabados a noite. Ja cheguei a falar sobre isso num texto anteiror, onde me referia ao emprego normal. Pois bem. Com o tempo passando e o dinheiro comecando a dar sinais de que a escassez viria em breve, comecei a focar no comercio. O natal tava ali (era comeco de outubro), entao, na pior das hipoteses, uma vaga temporaria nao cairia tao mal assim. E numa dessas, apos passar por varias lojas de um shopping center, parei pra tomar um cafezinho, pois queria fumar um cigarro. Entrei num Caffe Nero, que eh um coffee bar, no estilo da Casa do Pao-de-Queijo do Rio de Janeiro. Tinha um ultimo curriculo na mao, e como vi que a menina do bar tava parada sem fazer nada, comecei a puxar papo.

(OBS.: Conversa traduzida do ingles para o portugues, a fim de facilitar a compreensao)

- Dia calmo, neh!


- Eh... de manha tava um pouco agitado, mas agora que o tempo melhorou, a loja tende a ficar vazia... O povo aproveita quando faz um pouquinho mais de calor (entenda-se acima de 10C) e fica batendo perna nas ruas, pra adiantar as compras de natal... mas nem vou reclamar, to sendo paga, mesmo assim... Mas e voce... vai fazer suas compras de natal?


- Eu? Nao... acabei de me mudar pra cidade... vim de Londres... To procurando emprego, na verdade... ce num tem um pra mim, aqui nao!?


- Aqui nessa loja nao, mas tem uma outra que tao precisando desesperadamente de gente... Voce eh canadense, neh!? Melhor ainda, pois ja fala ingles...


- Quem? Eu? Nao...


- Americano, entao…


- Nao… sou do Rio de Janeiro...


- Ah, eh!? E esse sotaque carregado aih?


- Eh porque lah na America do Sul, a gente tende a aprender ingles com sotaque norte-americano...


- Caramba!! Voce sai lah do Brasil pra vir morar aqui em Leeds? Qual o seu problema com as praias?? Gosta de frio, de chuva, ou dos dois?


- Bem, eh uma longa historia...

Nesse momento uma pessoa se aproxima do balcao. Ela fala pra eu esperar um pouquinho e vai servir o cara.

Outras pessoas chegam. Ela percebe que vai ter um certo movimento, e vem ate mim e fala:

- Acho que vou ficar meio ocupada pelos proximos minutos, e vc ja ta acabando o seu cafe. Mas se vc quiser tentar a vaga, deixa um curriculo aqui que eu mando pra outra loja, via fax, mais tarde.


- Po, legal... ta aqui, oh!


- Valeu... boa sorte!


- Obrigado!! T+!



Voltei pra casa. Fiquei pensando que nao seria tao mal trabalhar num coffee bar, pois pagam o mesmo que em pubs, mas nao rola de trabalhar ate tarde da noite, ja que essas casas costumam fechar por volta das 6pm/7pm. Naquele mesmo dia, por volta das 6pm, meu celular tocou, e o gerente da outra loja me perguntou se eu poderia comparecer a uma entrevista no dia seguinte, pela manha. Aceitei, eh claro. Naquela noite, ainda fui com o Leo beber um chopp num barzinho ali perto da casa dele, que era aonde eu estava morando, e encontramos umas meninas, amigas dele, que trabalham lah perto do Cafe aonde eu faria a entrevista. Esta loja nao fica no centro da cidade, mas num bairro chamado Chapel Allerton, que eh a uns 4km do centro, e com o inverno chegando e as temperaturas aproximando-se a zero, a tal da caminhada estava descartada. Elas me deram as coordenadas para pegar o onibus e como chegar lah.

No dia seguinte, cheguei lah as 10.20am, para a entrevista que era as 10.30am... A loja tava num momento de pico, e o cara que tava atras do balcao pediu pra eu esperar um pouquinho... Me arrumou um cafe, e eu fui sentar numa mesinha, pra esperar. Passados uns 10 minutos, o mesmo cara veio falar comigo. Ele era o gerente. Perguntei se a loja tava com falta de pessoal, pois soh vi ele e mais um cara trabalhando ali, e ele me disse que ate estao com falta de pessoal, mas nao era o caso naquele momento, pois nessas lojas soh trabalham duas pessoas por turno, salvo na hora do almoco, quando tem um intermediario, e aih ficam tres pessoas trabalhando.

Conversamos por uns 10 minutos, e ele me explicou mais ou menos como funcionava o esquema ali. Pagavam salario minimo, mas nao se trabalhavam longas horas, e tinha-se a possibilidade de fins de semana continuos de folga, apenas tendo que trabalhar aos sabados vez ou outra. Falou tambem que os funcionarios tem o direito de beber qualquer tipo de cafe ou milkshake durante o turno, e a duas garrafas de Coca-Cola (600ml) por dia, mais um sanduiche, e um intervalo de 20 minutos, alem de outros pormenores. Perguntou se eu estaria interessado em fazer um teste. Eu disse que sim, e ele disse que iria me ligar naquele mesmo dia, pra me dizer a hora e o local.

Passei os tres dias seguintes sendo treinado numa loja bem movimentada, no centro da cidade. Nao era a mesma loja que eu havia deixado o curriculo, mas sim uma outra proxima a estacao de trem, e aos grandes escritorios da cidade. Ironicamente, era a area da cidade que eu gostaria de trabalhar... nao exatamente ali, mas fazer o que? Melhor do que ficar naquela mesma area pedindo esmola...

Durante o periodo de treinamento, aprendi a fazer os varios tipos de cafe, conheci a lista de produtos da casa, e me deparei com dezenas de palavras em italiano - idioma que eu nao gosto, nem nunca me passou pela cabeca aprender. Alias, o que que eh isso que a gente tem que saber hoje em dia, pra pedir um cafe, hein!? Puta que pariu… Ainda me lembro do tempo em que voce chegava no bar e pedia um cafe, e no maximo o cara te perguntava se voce queria com leite ou nao. Agora nao... Cappuccinos, maquiatos, espressos con panna, cremas, alem de estranhos nomes de coisas para comer, como focaccias e giandujas (hein!?), e outras que nao sei nem pronunciar e nem escrever, passaram a fazer parte do meu vocabulario, que eu, com toda a ma-vontade e espirito de porco que me cabem, nao fiz a menor questao de caprichar no sotaque, e ate hoje as falo com sotaque ingles - e americano, ainda por cima!

Ah, num fode... que puta mania que nego tem de botar palavra gringa no vocabulario cotidiano... eh igual aos disques e deliveries que se ve aih no Brasil... (alias, esse disk eh uma tentativa de estrangeirismo totalmente erronea, ja que a palavra disk em ingles significa "disco", e nao tem nenhuma conotacao relacionada ao ato de "discar", que em portugues usamos para dar a ideia do ato de "telefonar" – a proposito, ja nao discamos mais, e sim teclamos, neh... mas tudo bem…) Pode parecer estranho, ja que vivo no estrangeiro, mas sou meio xenofobo... ha? Nao sabe o que eh isso? Ah, vai procurar no dicionario, que essa eu nao vou explicar nao... [o acento agudo cai no "o" da silaba "no" (xe-NOH-fo-bo), mas meu teclado nao me permite acentuacao, e nem quero ficar procurando tal mapinha pra por acentos...] Me lembro que nos EUA a moda era o espanhol. Alias, ainda deve ser... sempre tem uma fiesta, um amigo ou um gracias no meio das frases deles... Aqui na Inglaterra, alem de algumas em espanhol, tem palavras em frances e em hindu (um dos idiomas da India) pra cacete!! Odeio franceses. Tanto quanto argentinos. E vah lah que nao sou muito chegado a indianos, tambem nao... E fico pra morrer quando alguem chega no Cafe e me pede um crossaint - e ainda forcam o erre, pra soar mais frances ainda - em vez de pedir um raio de um danish, palavra em ingles que equivale ao mesmo que o tal do croissant. Na Espanha, por outro lado, era radical demais: os caras traduzem tudo o que podem para o espanhol, e sem o menor constrangimento... ate a banda irlandesa U2 (pronunciada "iu-tchu"), em espanhol foi rebatizada para "u-dos"!! Putz, aih tambem achei um exagero... Bom, o assunto merece um texto a parte... outra hora falo sobre isso.

Mas voltando a minha historia (caramba, dessa vez fui longe nos meus parenteses!), ca estou eu, atualmente trabalhando como barista no Caffe Nero (
www.caffenero.com). Alias, semana retrasada fui promovido a shift leader – ou seja, posso cuidar da loja em um turno sem que o gerente esteja presente – e demorei tanto a escrever sobre meu novo emprego que ja aviso que estou procurando por um emprego novo. Eh porque agora que tenho meu proprio computador, portanto nao dependo mais de ir a biblioteca, ou de usar computadores de amigos, posso me dedicar a enviar curriculos e a estudar em casa. Quero ou voltar a trabalhar em escritorios, ou como comissario de voo pela empresa aerea local, a Jet2 (www.jet2.com).

Um grande abraco a todos!!

Ate mais!

Thursday, January 24, 2008

"Navegar é preciso."


"Navegar é preciso."

Esta frase, dita pelo navegador portugues Bartolomeu Dias (achei que era de Fernando Magalhaes, mas uma rapida consulta a enciclopedia Wikipedia me fez crer que estava errado), sempre gerou um duplo sentido nas pessoas. Porque o "preciso" a que o marinheiro se referia eh no sentido de "precisao", "exatidao", e nao no sentido de "ser necessario", como muitos pensam ser. Sempre tive essa frase como lema, mas tambem sempre a tive com ambos os sentidos. Mais com o de ser necessario, do que o de ser exato, na verdade.

Ja ha uns dois meses e pouco tenho andado de saco cheio de Londres. Engarrafamentos, garoa, passes semanais de metro e onibus, alem da constante ameaca de onde serah a proxima bomba; tudo isso junto tem me deixado louco. Ora pombas, trocando a bomba por um assalto, eh a mesma coisa que ta morando em Sao Paulo. E justo eu, que... bom, sou carioca, neh... enfim...

Nao me saia da cabeca a ideia de voltar pro Yorkshire. Aquilo sim, era uma vidinha boa... Mas tambem nao queria ser tao radical: Horton eh um vilarejo com menos habitantes que a minha rua no Rio. Entao dai veio a ideia... Leeds!! Sim, claro! Em Leeds vc tem a qualidade de vida que uma cidade como Londres nao lhe permite ter, mas tambem tem toda a agitacao e estilo de vida de um grande centro urbano, atualmente com pouco mais de 1 milhao de habitantes.

Lembrei do Leo, um grande amigo de Santa Catarina que trabalhou junto comigo em Horton, no ano passado. Camaradao mesmo, gente boa toda vida, que desde janeiro trocou a bucolica Horton-in-Ribblesdale (sim, esse eh o impronunciavel nome completo do vilarejo) pela agitacao - e tranquilidade - do centro de Leeds. Ele havia me visitado em Londres ha tres semanas atras, e ao conversar com ele, me veio na cabeca a tal ideia: vou me mudar pra Leeds.

Mas ainda teria que ficar mais um ou dois meses em Londres, para fazer uma grana, e ao pedir as contas, ainda receber as ferias que ainda nao havia tirado - queria tirar no natal, pra ir ate a Espanha. Entao fui seguindo... casa, trabalho, pub, casa... lembrando que eu trabalho em um pub aqui, mas preferi escrever "trabalho" e "pub" pra diferenciar "ambiente de trabalho" de "ambiente de escorar balcao". E entre cada um desses locais, um metrozinho ou onibus, soh pra estressar um pouquinho mais... Ate que um belo dia, apos mais uma das aporrinhacoes proporcionadas pelo meu gerente (carinhosamente apelidado de "mother fucker" pelo pessoal da cozinha, e de "Gordinho" por nois do bar - assim poderiamos falar sobre ele em outra lingua sem que ele percebesse que estavamos falando dele), resolvi que em Londres ja nao dava mais pra ficar. Tudo bem, naquele emprego nao dava mais pra ficar. Mas tambem ja nao queria mesmo ficar em Londres. Usaria a desculpa de nao querer mais trabalhar naquele pub para me mudar de cidade. Teria que mudar, e rapido, antes que matasse alguem, ou me jogasse de uma ponte nas aguas fetidas do rio Tamisa. A decisao foi tomada: pedirei ajuda ao Leo para voltar ao Yorkshire.

Naquela noite nao consegui dormir direito. E nao foi pelas tres cervejas que havia bebido. A ideia de fazer as malas, botar a mochila nas costas e me assentar em um novo lugar ficou me pinicando por horas, ate que uma hora o cansaco fisico e mental me venceu, e fui ter com Morfeu. A mensagem SMS enviada para o celular do Leo pouco antes de ir deitar bateu e voltou rapidamente, e com uma grande noticia: a de que poderia ir para Leeds, e contar com seu apoio na busca de trabalho e acomodacao. E ainda que ficaria em sua casa ate que me arrumasse. Perfeito. Me acomodei de novo embaixo do cobertor e fui dormir.

Aih, no dia seguinte, com a ajuda de um outro grande e eterno amigo, o Julian (esse em Londres), superei o baque da decisao de virar a mesa e comecar de novo, que era uma noticia boa, mas que coincidiu com a descoberta incidental de que meu primo Wagne havia falecido no Rio de Janeiro, vitima da violencia desgarrada que assola a Cidade Maravilhosa. Noticia ruim. Nessa noite fui para a casa do Julian, e compramos algumas cervejas e uma garrafa - pequena, de 500ml - de uisque Famous Grousse, um blend escoces muito do gostoso. A garrafa viria a ser finalizada within duas horas. Positivo com negativo se anulam, entao uma noticia ruim eh superada com uma boa, e vice-versa. Fizemos no computador a carta de demissao, e dali mesmo compramos a passagem Londres Victoria/Leeds City Centre, de onibus, claro, que custa soh 10 libras. De trem seriam 92 libras! Eu, hein... Sexta-feira, 28 de setembro de 2007, as 3pm; escreveria ali mais um capitulo da minha vida. E lah vamos nois...

Ainda na terca-feira 18/09 pela tarde, fui trabalhar, e entreguei a carta de demissao ao Mathew, assistente do gerente. O Gordinho tava de ferias em Portugal, parece que um time ingles ia jogar futebol por lah, e ele foi passar uns dias lah. Noticias dadas, continuei no trabalho ate essa ultima terca, 25, quando encerrei os trabalhos com uma limpeza de serpentinas (o famoso beer line cleaning), evento no qual temos que "jogar fora" dois pints (unidade de medida real que equivale a 568ml, e que eh como sao chamados as tulipas de chopp daqui) de cada torneira. Imaginem voces que o pub eh bem grande, e servimos 8 tipos de cervejas diferentes (Fosters, Kronenbourg 1664, Stella Artois, Peetermans Artois, Staropramen, Leffe, John Smith's e Guinness), e no total sao 22 torneiras. Ou seja, sao 44 pints de cerveja que tem que ser jogados fora, para que os tubos por onde passam a cerveja sejam preenchidos pelo produto de limpeza. Entao ficam ali, para quem quiser beber... Mas dessa vez nem bebi os 15 pints que bebi certa vez, e que me renderam um porre como ha muito nao tomava. Fiquei no modesto numero de 6 pints, e depois ainda bebi um uisque Talisker, single malt bacana de 10 anos; coisa de escoces, tambem. Esse pessoal sabe fazer bebida boa. Ooo, e como...

Nos dias seguintes, quarta e quinta, fiz as malas e as devidas despedidas de amigos e rabos-de-saia que fiz nos quase seis meses que sobrevivi a loucura do cotidiano londrino. Na verdade, depois que entreguei a carta de demissao, ja havia comecado as despedidas... barco-boate com Rodrigo/Gi/Suami/Stephano na sexta 21, sinuca e cerveja nos pubs perto de casa com o Charles, no domingo 23, grande cervejada a base de Miller com o Stephano, na segunda 24 a noite, pints no Cheers e jantar no centro com Julian, Teresa, Kirk e Marcao na quarta 26, que terminou comigo e o Julian bebendo as saideiras naquela noite na varanda de sua casa; e no dia seguinte (quinta 27) a Mariana, prima dele, deu a ideia de um churrasco naquela tarde, na varanda da casa do Julian; ali ainda se juntaram a nois as amigas Bethania e Andrea, e o Simon, namorado da Mari. E a maratona soh terminou mesmo as 5 da manha de sexta, quando ainda bebi algumas cervejas com o Suami, grande amigo que fiz na cidade, filho da Conceicao, a dona da casa que morei, depois que sai da casa do Julian.

Acordei por volta das nove da manha nessa sexta, 28, com meras quatro horas de sono e uma pequena dor de cabeca. Pra quantidade de coisas que havia bebido no dia anterior, tava no lucro. Chovia la fora. Claro. Eh Londres. Ela nao ia deixar eu ir embora calmamente, caminhando com minha mochila e minha mala de rodinhas, pelas ruas do meu bairro ate o metro. Sao Pedro abriu a torneira e sai de casa sob chuva. Pra lah de torrencial. Acho que nem no estado do Amazonas chove como choveu nessa sexta.

Peguei o onibus na rodoviaria de Victoria, e ao meu lado se acomodou uma inglesinha muito bonitinha, de Sheffield, cidadezinha que fica mais ou menos 50km antes de Leeds. Interior do pais tambem, cidade grandinha, mas nao tanto. Mais ou menos como vc pegar um onibus de Sao Paulo pra Salvador, e no seu lado senta alguem de Feira de Santana. Entao eu teria uma companhia ate quase o final da viagem. Bom, melhor do que pegar um daqueles muculmanos malucos, que por estarem no Ramadan, nao comem nem tomam banho de dia, e as vezes tambem nao tomam banho a noite nao... Apos 50 minutos de entra-aqui, entra-ali nas engarrafadas ruas do centro de Londres, entramos na M1, que eh a rodovia que cruza o pais de norte a sul. Ficamos 40 minutos numa boa velocidade ate que comecou um mega-ultra-super-hiper engarrafamento. "Puta que pariu, exclamou o Conde ao ver a Condessa nua", pensei com meus botoes. Nao ia falar palavrao alto, tampouco em outra lingua. Alem de ninguem entender, ainda ia fazer papel de maluco. Mas que deu vontade, deu. Parecia que a cidade que me foi tao hostil durante esse tempo todo, queria agora me prender ali, pra sempre... paranoia, neh? Deixa pra la...

A estrada tava toda parada. Mais parecia um grande estacionamento. O consolo foi que, durante os tais 40 minutos em que andamos a boa velocidade, o balancar do onibus fez muitos passageiros adormecerem, inclusive este que vos escreve, e a tal da inglesinha que estava ao seu lado. Ou meu, pra que fique mais claro. Acordei com a menina dormindo no meu ombro, a bochecha amassando no meu braco. Hum, interessante isso. Nao me mexi e deixei-a dormindo, ate que ela acordasse sozinha. O que, eh claro, com o parar do balanco, nao demorou muito. Mas aih comecamos a conversar. Conversa vai, conversa vem, o telefone dela nao parava de tocar, droga, tem namorado. Mas ta bom... ainda conversamos por mais umas 4 horas, e ela desceu. Pra meu azar, no lugar dela entrou um camarada mais ou menos como o Joao Gordo, e que ia ate a ultima parada do onibus, que era Newcastle, beeeemmm depois de Leeds. E eu, que tava na janela, sofri com a tentativa de violacao da lei da fisica que diz que dois corpos nao ocupam o mesmo lugar no espaco. Ou ao menos nao deveriam.

Cheguei em Leeds as 9:45pm, duas horas e quinze minutos depois do previsto, e pelo menos nao tava chovendo. A temperatura era em torno de 3 ou 4 graus (positivos), mas o vento de 20km/h dava a impressao de que tava mais frio, e avisava que o inverno esse ano vai chegar antes, ja no outono. Ao desembarcar, botar o casaco e pegar minhas coisas, senti uma sensacao de felicidade que ha muito tempo nao sentia: estava feliz por estar de volta ao Yorkshire. Era como se tivesse retornado pra minha terra natal, apos anos fora. Me fez pensar se esse conceito eh baseado somente no lugar aonde a gente nasce e cresce, ou se tambem pode ser um lugar que voce aprende a gostar, e talvez ate decida troca-lo por sua terra natal por mais de metade da sua vida... Nao sei. Tambem nao eh hora de pensar nisso. Tava feliz e pronto. Ja diziam Tom e Vinicius: "Tristeza nao tem fim, Felicidade sim..." Entao vamos em frente.

Fui encontrar com o Leo no trabalho dele, que provavelmente vai ser aonde eu irei trabalhar tambem, ate que arrume uma empresa legal pra trabalhar com informatica. Lugarzinho bacana, e um grupo de funcionarios bem legal, com varias gatinhas... Ah, se eu trabalho num lugar desse... Bem sei das historias do Leo em Leeds. A fartura eh tamanha que ele chega a ter uma agenda, para nao se esquecer qual a garota que vai sair em determinado dia. Alias, bem sei das historias de Leeds. Cidade em grande expansao, foi pelo segundo ano seguido eleita a "capital do menage-a-trois" na Inglaterra (perdoem o meu frances, mas nao gosto desse idioma nem iria perder tempo indo no Google buscar a forma correta. Se ta errado, tudo bem, deu pra entender o que eu quis dizer, neh!?). Tem muita mulher e faltam homens; ou Homens com H maisuculo, talvez. E a mulherada nao da tregua. Atacam em bandos, e eh super comum o 2-4-1 (forma em ingles de "dois por uma" - "two FOR one"). Vc conhece uma menina, fica com ela, e na hora de leva-la em casa, ela avisa: "mas a minha amiga vai dormir lah em casa hoje e ela tem que ir com a gente. Espero que voce nao se incomode..." Incomodado? Pfff... acho que nem meu avo ficaria... (e aqui explicando, soh adaptei o classico comercial de absorventes femininos)

Depois que o Leo saiu do trabalho, fomos a casa dele, deixamos minhas malas, bebemos uma cerveja e demos um tapa num licor de nome incompreendivel da Latvia, e fomos pra night. Eram mais ou menos 1am, e fomos para uma rua onde ficam varios bares e boates. Mais ou menos como a rua Joaquim Silva, na Lapa, que tem um monte de bares, um do lado do outro, e cada um com estilo diferente... eh essa mesmo, aquela rua que comeca do lado dos arcos, e lah pra meio da rua tem aquela escadaria que liga com Santa Teresa... isso ai! Entao... iamos para o bar O Porto, que rola um rock n'roll bacana, mas tava tao cheio que os segurancas suspenderam um pouco a entrada da galera, ate que outros saissem, e sem saco pra ficar em filas, fomos pro Revolution, do outro lado da rua. Chegamos lah, pegamos uma cerveja, e fomos pra beira da pista de danca, pra analisar a mulherada, e ver o que ia acontecer. Durante aquele primeiro pint, nada aconteceu, mas beleza, estavamos conversando, tava legal o ambiente, vamo pegar outro...

Fui no balcao pegar mais duas cervejas, e o Leo foi lah fora atender o raio do celular, que vira e mexe tocava ou recebia uma mensagem; mais tarde vim a saber que era uma russa que ele ta ficando, e naquela noite eles deveriam estar juntos, mas nao estavam... mais tarde, naquela mesma noite, ele ainda iria ve-la... rsrs. Depois que peguei os pints e paguei, fiquei ali pelo balcao mesmo, pois ainda tava terminando o meu pint anterior, e tava com os dois novos ali, e nao daria pra carregar. Teria que esperar pelo Leo.

Foi quando notei ao meu lado uma loira pra lah de gostosa: 1.75m (logo, mais alta que eu), toda boazuda, vestidinho coladinho, barriguinha zero, comissao de frente avantajada, pernocas sensacionais, enfim, escutural. Tava ali tentando comprar a bebida dela, mas que devido a sua voz - feminina - e aos 811.000.000 de watts de musica despejados nos nossos ouvidos - incluindo nos do barman - nao conseguia se fazer ouvida. Ela entao vira e pra mim e fala:

[letras maiusculas indicam gritos]

- DO YOU BLABLABLA BLABLABLA BLABLABLA...


♫♪ TUM-TCHI-TUM TCHI-TUM... ♫♪

E eu:

- I'M SORRY, WHAAAT???

E ela:

- COULD YOU BLABLABLA BLABLABLA BLABLABLA...

♫♪ TUM-TCHI-TUM TCHI-TUM... ♫♪

E eu cheguei perto do ouvido dela e falei: (o dialogo que segue foi traduzido do ingles)

- Nao to te escutando, fala mais perto...

Ai ela encostou a boca no meu ouvido e disse:

- Voce pode comprar uma bebida pra mim? Ta aqui o dinheiro, oh... eh que o barman nao ta me escutando daqui...

Eu me virei pra falar no ouvido dela, e passei a 3cm de sua boca.

- Beleza, compro sim. O que voce quer?

- Um copo de vinho branco.

Aih eu fui me virar de novo pra falar no ouvido dela. Ia perguntar se ela tinha alguma preferencia de vinho. Soh que ela, que tava com a boca encostada no meu ouvido (eu tava olhando pra frente, pro bar, pra poder escutar o que ela dizia), nao virou o rosto pra frente, quando eu virei o meu pro lado, pra falar com ela... eis que nossos labios se cruzam, e ela os passam pelos meus... Contato. Toque. Opa, desejo!!

Num misto de nao acreditar e nao estar esperando por tal fato acontecer, dei tempo pra que ela voltasse ao meu ouvido pra falar que podia ser o vinho da casa, mesmo. Aih eu me virei pra falar qualquer coisa com ela, a essa altura ja nao me importava mais, queria era tirar a duvida se o encontro labial foi voluntario ou nao. Me virei pra ela, dei um beijo, e esperei pra ver o resultado: ou seria uma bela duma porrada, que com sorte nao seria nos Meninos, ou seria outro beijo. E nao eh que foi um senhor beijo, o que eu ganhei em seguida??

Lembro-me de, entre o beijo rapido e o longo, ela falar que tinha gostado de mim. Ela partiu pra cima de mim com a maior vontade, e me deu moh beijao. Eu abracei a crianca e continuei os trabalhos. Naquele momento passava pela minha cabeca a imagem dela chegando ao bar, ainda a um metro de distancia de mim, quando fiz a rapida analise acima mencionada, e a musica eletronica que outrora estava ensurdessedora, agora se fazia em sons angelicais, com os anjos tocando arpas e trombetas, e um grande feixe de luz se abrindo em minha frente, como quem chega a porta do Paraiso. Mais ou menos como num clipe ao vivo da musica Another brick in the wall, do Pink Floyd, em que um coral canta e luzes se acendem, ou como no filme Ghost - do outro lado da vida, quando o Patrick Swayze aparece pra Demi Moore, no final do filme... Lembro tambem de, entre o beijo longo e proximo beijo longo que se sucedeu apos alguns segundos de intervalo, ter visto o Leo se aproximando do balcao novamente e, sem entender muito bem o que havia acontecido, pegou o pint dele e ficou ali por perto, bebendo. Mas quando a esmola eh demais, o santo desconfia... essa mina deve ta com algum problema, pensei rapidamente... e aih ainda me lembrei que isso eh uma musica do Gabriel O Pensador. Sorri dentro de mim, e pensei comigo mesmo: O que esta acontecendo aqui??

Quem me conhece ha mais tempo, sabe que mesmo na epoca do volei/karate/muay thai, quando eu quase nao bebia cerveja e tampouco fumava, eu ja nao era do tipo atletico. Acho que na verdade nunca fui, nem nunca serei. Sempre fui da filosofia de que quem gosta de barriga "tanquinho" eh viado; mulher gosta de homem interessante. E voce pode ser interessante por outros metodos... ainda que tarde um pouco mais, do que o metodo de contato visual... perai, perai... oohhh... esse papo ta ficando torto...

Depois de mais uma meia duzia de beijos e alguns goles de vinho e cerveja, ela falou que tinha que ir encontrar com a amiga dela, que tinha ido nao sei aonde. Ora, todo mundo sabe que essa eh a deixa classica quando voce quer se livrar de alguem numa boate. "vou ali rapidinho comprar um guarana e ja volto". E volta nada, da no pe. Pensei comigo mesmo: "eh, foi bom enquanto durou esse nosso relacionamento, mas entendo que ja esta na hora de seguirmos caminhos separados." Ja estava me preparando pra dizer tchau e voltar a beber com o Leo, quando pra minha surpresa ela pega na minha mao, e me leva pra junto da amiga dela... Eu quase derrubo a cerveja, pois na esperava ser puxado pelo braco naquela hora, e soh tive tempo de falar pro Leo um "me segue ai!", ja pensando que essa amiga poderia render algo pra ele tambem... Adiantar os amigos, tambem uma filosofia que sempre carreguei comigo. E o Leo veio atras. E ela achou a amiga. E a amiga era moh gatinha tambem. Elas falaram alguma coisa entre elas e decidiram ir pra area de fora. Parece que a amiga dela queria ir fumar.

Alias, pra quem ainda nao sabe, desde as seis da manha de primeiro de julho desse ano de 2007, eh proibido fumar em qualquer ambiente publico fechado, em todo o Reino Unido. Isso significa que, se vc quer fumar, tem que ir pro lado de fora do bar, pub, boate ou que seja. Mas voltando ao assunto...

Elas decidiram ir pra fora e ela me deu um beijo rapido, e falou "vem comigo". Pegou minha mao novamente, e dessa vez ainda entrelacou os dedos com os meus. Pronto, ja estavamos namorando. E cruzamos a pista de danca, e fomos la pra fora, a amiga arrumou um cigarro com alguem, e o Leo ja partiu pra cima da menina. Soh que aih, com o ar fresco da madruga leediana (essa palavra provavelmente nao existe, apenas foi como me soou agora, pra dizer "de Leeds"), comecou a desfazer-se o encanto. As minas comecaram a mostrar que tavam bem pra la de bebadas, e foi ate nessa hora que o Leo agarrou a outra. Lembro da minha falar comigo pra gente ir pra casa dela, que a amiga ia dormir la essa noite (Oooopaa!!!), e CRAACC!! Ela deixou o copo de vinho dela cair no chao, se espatifando e espalhando vidro pela area. Uma rapida analise na situacao e vi que a mina do Leo comecou a apresentar sinais de que iria entrar em estado vegetativo em poucos minutos, tipo como naquele filme Horizonte Perdido, que quem saisse de Shangrila ficava velho na hora. Trocamos um rapido e olhar e decidimos nao levar aquela festa adiante, pois nesse momento a minha mina (alias, nunca soube o nome dela) comecava a deixar bem claro que tava pra lah de bebada tambem. Usamos nois, a desculpa do "vou ali rapidinho e ja volto", e saimos fora...

Ainda fomos ao O Porto, do outro lado da rua, e bebemos outro pint de cerveja - Amstel, dessa vez - e depois de ver umas menininhas dando um showzinho se pegando, fomos pra casa dormir. Bom, eu fui dormir, porque o Leo ainda foi pra casa da russa dele, lah, e nem voltou pra casa; foi direto pro trabalho.

E assim foi a minha transicao de uma vidinha bem mais-ou-menos em Londres (mais pra menos, pra ser sincero), pra uma vida que ja ta parecendo ser bem promissora, aqui em Leeds, condado de West Yorkshire. Sei que ficou meio grande o texto, mas to precisando praticar a escrita em portugues, senao ja viu, neh, vai ficando cada vez pior. E na verdade, fiquei tao estupefato com o ocorrido que tinha mais que escrever mesmo, guardar pra posteridade. Paixao assim nao acontecem todo dia.... Huummm, cheia de chaaarrmeee... uuummm desejo enorme.... ih, ooohhhh..... (me lembrei de um classico do brega 80's, acho que do Guilherme Arantes... impressionante como esse episodio me deixou meio desconcentrado)


Bom... a voces que chegaram ate aqui embaixo, o meu muito obrigado pela companhia.

Tenho saudade de todos do Brasil, mas realmente, se voces pudessem vir a Leeds e ver como eh isso aqui, tambem pensariam duas vezes em onde querer morar.

Volto em um proximo e-mail, com mais algum causo, ou apenas mandando noticias gerais.

Um grande beijo e um forte abraco,

Mark.


"Escrevo-vos uma longa carta porque não tenho tempo de a escrever breve."
(Voltaire)