Monday, September 15, 2008

Meus caros, volta-se porque se tem saudade
Porque se foi feliz intimamente
Volta-se porque se tocou num inocente
E porque se encontrou tranquilidade

A despeito da vida que acorrente
Volta-se, volta-se para a sinceridade
Volta-se sempre, tarde ou de repente
Na alegria ou na infelicidade.

E nada como esse apelo da lembrança
Para se transfigurar numa esperança
Essa desolação que uma alma leve

Assim é que, partindo, eu vou levando
Toda a desolação de um até-quando
Num ardente desejo de até-breve.


(Vinicius de Moraes)

2 comments:

* Cláudia * said...

Primo, comecei a ler, sentindo uma certa familiaridade... Achei que o texto fosse seu! Mas depois percebi o motivo da proximidade: a-mo-Vi-ní-ci-us!
Muito bom! Beijocas!

Mark Barraca said...

Pois é... não é meu, mas descreveu bem o que eu sentia naquele momento, de decidir sair de Barcelona e voltar para o Rio de Janeiro.

Vinícius é um dos meus escritores preferidos, também.

Obrigado.
Beijos.